Resenha do Livro: 3096 dias, de Natascha Kampusch

Sua tragédia pessoal começa quando seu pais resolvem se separar de uma forma bastante agressiva. De criança mimada ela passa a filha preterida. Sua mãe passa bastante tempo trabalhando na padaria da família em busca de conseguir sustento e pagar as contas deixadas pelo pai. Nessa época as irmãs não moram mais com ela e sua mãe passa a lhe dar palmadas e a não permitir que ela chore diante da falta de amor e desestruturação da família.
Depois disso a garota sofre com um quadro de enurese noturna, que é motivo de chacota na escola e desculpa para que as professoras a deixem sem água. Seus pais passam a se relacionar com outras pessoas e la começa a engordar, porque come compulsivamente, um dia a namorada de seu pai lhe diz:
– Meu Deus! Eu sei porque você é tão problemática. Seus pais não te amam.
Nessa época estão acontecendo uma série de sequestros de crianças na Rússia e suas vítimas sempre meninas pequenas charmosas, louras e magras, que acabam, sendo abusadas sexualmente, pelos seus sequestrados.
Em um dia Natascha, chega em casa muito tarde após ser deixada por seu pai, na frente do perigoso conjunto habitacional, onde ela morava com a mãe e quando acorda na manhã seguinte ela briga com sua mãe, e diz que a odeia. Enquanto está andando para a escola Natascha vê um homem parado na calçada. Ao vê-lo ela tem medo, mas depois pensa que por não ser tão bonita quanto as vítimas de sequestro da TV, não corre o risco de ser sequestrada.
Ao passar ao lado da van, Natascha é jogada para o interior do veículo e levada para um cativeiro na casa do sequestrador.
A principio ele tenta a fazer acreditar que foi mandado por outras pessoas e faz as vezes de pai dela, lendo histórias, dando docês e brinquedos, mas a medida em que vai crescendo Natascha é violentada, espancada, passa por períodos de grande fome, intercalados com dietas estranhas, sua cabeça é raspada e seu sequestrador passa a ser extremamente mesquinho com seu dinheiro.
Um dia a garota consegue fugir, correndo pela rua e chega a uma casa onde pede ajuda. A dona da casa pensa que ela é uma mendiga ou viciada, então chama a polícia. Quando os policias chegam ela diz:
– Meu nome é Natascha Kampusch e fui seuquestrada a oito anos.
A história repercurte em jornais, seu sequestrador se mata ao ser cercado pela polícia e ao escrever este livro ela diz que finalmente está livre.
O livro é escrito com tanta clareza que o leitor se vê, vivendo a história de Natascha, se põe no lugar dela. Não sei se Natascha pretende escrever outro livro, mas se puder manter esse estilo seria sucesso certo. Me identifiquei com ela em vários de seus questionamentos e sentimentos, temi por sua segurança. Nos momentos em que ela vivia agressões eu me sentia terrívelmente mau e quando apresentava suas frases com reflexões profundas nunca pude deixar de concordar.Indicado apenas para pessoas com alta sensibilidade emocional e estômago forte. É claro que não é um livro para se ler por diversão.
Nota: 5/5
Natascha Kampusch: é austríaca e foi mantida em cativeiro, durante oito anos antes de fugir de seu raptor em 2006, publicou sua autobiografia, na qual acusa a polícia de negligência nas buscas após o seu desaparecimento em 1998, quando tinha 10 anos.
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